Cortar o cabelo, dói.

O meu cabelo está sempre do mesmo tamanho porque sempre que as pontas começam a ficar feias (vulgo espigadas) é hora de cortar. E então é sempre vira o disco e toca o mesmo. Ficam feias, corto, cresce e as pontas ficam feias e...corto. E é este o ciclo da minha vida capilar.

A minha pior decisão começa largos dias antes. E está sempre entre cortar o equivalente a três ou quatro dedos. É um drama. Hoje tinha decidido cortar quatro. Já na cabeleireira, começam a dar-me os nervos. Vejo as revistas e quero fazer imensos cortes, mas volto à realidade quando me dizem "pode passar ali para a lavagem", e volto a pensar em "três ou quatro dedos", analisando já o tamanho da mão da senhora que se vai encarregar de me deixar de nervos em franja. Ou, melhor, sem franja.

Durante os largos minutos em que estou sentada na cadeira da morte, passo o tempo a imaginar o que se passa lá atrás. O que é que aquela tesoura maligna estará a fazer? De certeza que não está a fazer nada do que lhe pedi.
Quando eu era pequena a minha avó e a minha mãe costumavam acenar à senhora para me cortar mais, mais e mais, muito mais do que aquilo que eu tinha pedido. Acho que nasceu um trauma.
Nessa altura, eu quis ser cabeleireira. Brincava sempre com a mesma boneca a quem metia rolos e depois um saco na cabeça, a fazer de secador (daqueles esquisitos que há nos salões de beleza). Só me voltava a lembrar dela dias depois. Foi nessa altura que pensei que não, o meu futuro não passava por torturar as pessoas.

Hoje, os quatro dedos da senhora não eram equivalentes aos meus quatro dedos. De modo que resolvi indicar "são três dedos" e acrescentar, para não haver mal entendidos, "é só mesmo para cortar as pontas!".

Cortar o cabelo cansa-me. Cortar o cabelo dói-me.

Até onde vais com cinco euros?

Cinco pessoas. Cinco euros. Uma viagem feita por um grupo de aventureiros que querem procurar a essência de um país de forma diferente. Uma viagem... a Portugal.

O lema destes cinco amigos podia ser "querer é poder". Mas não. O nosso grande objectivo, para além de uma experiência única de vida, é desenvolver um roteiro alternativo que destaque este Portugal mais rural, de uma beleza imensa e de um sentido genuíno. Cinco estudantes em Idanha-a-Nova partiram de Mação numa aventura pelo país adentro.

Até onde vais com cinco euros? "Não vais longe", diriam algumas pessoas. "Não vais a lado nenhum", diriam os mais extremistas". Este grupo acreditou, e com cinco euros foi muito, muito longe!

De uma conversa ocasional surgiu a ideia de partirem e foi durante o mês de Fevereiro, num intervalo das aulas que se fizeram à estrada. Numa carrinha cedida pela West Coast Campers, levaram as mochilas e cada um...cinco euros no bolso. Partiram com uma enorme vontade de descortinar o desconhecido e de abrir mentalidades. Acreditam na velha premissa que o dinheiro não é tudo e tentaram provar isso mesmo, a eles e aos outros. Aliaram assim um roteiro por terras lusas, daqueles que não vêm nos mapas, à solidariedade. Apenas procurámos ajudar pessoas e instituições, destacado o seu papel na sociedade, em troca de alimentação, alojamento ou combustível. Todo este projecto se baseia numa troca. Fazer um intercâmbio  entre meios rurais e urbanos, trocar serviços por ajudas não monetárias.

Definido o projecto, a primeira paragem foi Lisboa. Mas evitaram os trilhos turísticos. Pararam numa casa de Fados e quando explicaram a ideia que os ali levava tiveram um belo jantar lisboeta. Em troca serviram às mesas e trabalharam na cozinha. Procuramos numa altura de crise viver a realidade de muitas pessoas, que felizmente não é a nossa. Como ter de pedir comida. É quando nos colocamos no lugar de outra pessoa que nos tornamos mais humanos.

Setúbal, Alentejo, Coimbra, Aveiro. Os quilómetros iam-se acumulando. Lamego, Braga, Gerês, Gouveia. No Porto foram multados por mau estacionamento. No Piodão ajudam na construção de uma casa. Em Almeida deram uma palestra numa escola secundária, sobre o projecto, e em troca receberam um almoço e mais uma visita pela cidade. Em Leiria visitaram o Lar de Santa Isabel que acolhe crianças com carenciadas a quem deram toda a comida que tinham recebido até à altura. Nunca mais se vão esquecer.

A solidariedade é fundamental nos tempos que estamos a viver. Promover a atitude menos consumista e mais virada para a partilha. Ao longo de quinze dias a viagem foi muito intensa. Conheceram pessoas. Fizeram amigos e ganharam famílias emprestadas. Umas ajudaram-nos com compras, outras com alojamento, outras com refeições, outras com histórias que se gravam no coração. E eles em troca trabalharam, ajudaram e mais... mostraram que vale a pena acreditar.
Achamos que nós portugueses, temos um espírito solidário e aquilo que pretendemos é destacar o que de melhor têm as diversas localidades do nosso país e contemplá-las numa espécie de roteiro alternativo ao dito turismo de massas.

Quando regressaram à casa de partida, os cinco euros permaneciam na carteira. Mas eles vinham mais ricos.

Outras histórias:
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Let's be happy together
A cozinha verde

Quem é que teve esta ideia # 6

- Então, não te sentes melhor depois de fazer exercício?
- Não.

Não me perguntem no exacto momento que saio do ginásio se me sinto bem. Não, não me sinto nada bem.
Tudo bem em admitir que me sinto bem por fazer exercício porque isso contribui para eu não ser uma orca-gorda-e-inchada-e-devoradora-de-bolachas. Tudo bem em admitir que me sinto bem por fazer exercício. A sério. Mas não me perguntem se me sinto bem depois de fazer exercício exactamente quando acabei de o fazer. Não me sinto nada bem. Aliás a única coisa que sinto além de dores é fome.

Não me perguntem amanhã porque tenho dores nas pernas de deixar cair as lágrimas quando me levanto da cama e dou um passo. E tenho dores nos braços a esticar-me, junto às prateleiras da dispensa, para chegar aos cereais.

Não me perguntem se me sinto bem depois de ir ao ginásio.

Perguntem-me depois. Um dia.

A história das amêndoas, outra vez!

Já me fartei de comer amêndoas. Tive a infeliz ideia de as pôr na mesa da sala a enfeitar. A "enfeitar". Nunca vi um enfeite tão efémero. Já não há enfeite para ninguém. Chega a esta altura do ano e acho que ainda é pior que o natal. Lá vêm pacotes e pacotes delas cá para casa... e estragar é que não, não é verdade?

Sento-me a ver séries e como amêndoas como se fossem pipocas. Acho que fazem muito bem a quem pretende passar a viver no ginásio.

Bom dia # 31

Panquecas:
Duas colheres de sopa de aveia (triturada)
Uma colher de sopa de sementes de linhaça
Um ovo
Uma banana esmagada
Uma pitada de canela e gengibre em pó


E eu a comer verdes # 3

Sopa.
Com alho francês, cenoura, courgete e...nabiça!
Tudo passado com a varinha mágica, sem vestígios, que eu não gosto cá de coisas a boiar na minha sopa. 
Isto parecem folhas das árvores, desculpem lá. Mas são mesmo parecidas com aquelas que se metiam nas caixas dos sapatos para alimentar os bichos-de-contas.
Decididamente não nasci para comer folhas!


Quem é que teve esta ideia # 5

A questão é: porque é que os assentos das bicicletas são triângulos?

A semana passada achei que seria muito boa ideia fazer três aulas seguidas. Meia hora cada uma, não devia ser nada de especial para mim. Logo eu que sou uma rapariga dada ao exercício. Que sou uma pessoa que gosta de passar tempos infinitos dentro do ginásio.Pois bem, decidi que ia fazer de rajada, assim num tirinho, aula de dança, de cardio e de cicle.

Estava tudo bem...antes de começar!
A aula de cardio parece uma obra ensaiada pelo demo. Sim, sim, desceu à terra para me aterrorizar e fazer com que deixe de conseguir respirar momentaneamente.

A aula de cicle foi a última, já depois de dançar e de saltar e de me agachar muito. E assim, lá vai uma pessoa para uma sala fechada com música e muitas bicicletas. E senta-se e levanta-se e pedala... pedala que é para isso que aqui estás. E às tantas ouço... "Posição um!". Oi? Posição um? Que é isso? Descobri então que durante a meia hora era suposto ir mexendo numa rodinha qualquer para mudar velocidades. Está bem! Fica para a próxima.

Agora o que interessa mesmo é saber por que é que os assentos das bicicletas não podem ser quadrados, como uma cadeira super normal, de modo a que o rabo das pessoas lá possa estar sem sentir desconforto e dor. Porquê?

Posto isto, hoje fiz uma e apenas uma aula de bunda, assim pela fresca, que é para não me armar em parva!

O problema das dietas

O problema das dietas são as bolachas. Com açúcar e canela. Torradas, de manteiga ou chocolate. Antes de deitar o que sabe mesmo bem é comer uma bolachinha. Mesmo que sejam de água e sal. Palmiers pequeninos, línguas de gato ou veado, ou cereais doces. Antes de deitar tenho fome. E não me apetece beber leite, nem chá, nem iogurtes. Tenho fome e quero comer porcarias.

O problema das dietas... é que eu não as consigo fazer porque as bolachas, os palmiers e os cereais existem.