Marrocos, 15 Junho 2011
Dia 5 # Ouazazate
Uma das formas mais eficazes para cumprir pequenas distâncias é utilizar um táxi, ah e negociar o preço, claro. “É para Ait-Ben Haddou”.
Ait-Ben Haddou é uma cidade do outro lado do rio. É uma cidade isolada de tudo e é algo diferente, no meu imaginário, quando lá cheguei,e agora que recordo, pareceu-me feita à mão, moldada a barro, é linda e é património da Unesco.
Estávamos debaixo de um calor abrasador que nem se podia aguentar. Um aldeão até nos emprestou uns chapéus para proteger a cabeça, directamente vindos da sua loja, onde aliás nos ‘estragamos’ nas compras, as coisas eram mesmo giras, gostei das lojas de lá!
Giro, giro é subir todos os degraus até ao topo e ir olhando para a paisagem que fica lá em baixo mesmo atrás de nós. Digno de filme, de tela, de fotografia e mais que tudo isto, digno de recordar.
Devolvemos o chapéu ao senhor que simpaticamente acreditou que o desenvolveríamos. E fomos ‘perseguidos’ por um outro senhor que insistia que comprássemos uma pulseira. Eu gostei dela mas eram oito euros… a cada passo que andava atrás de nós a pulseira baixava de preço… óbvio que continuei a andar… dois euros, comprado!
Voltámos ao centro da cidade de Ouarzazate (já depois de o táxi ter de levar um banho de água porque aqueceu demais debaixo daquele calor) onde alugamos um carro. É que queríamos ir até ao deserto do Saara, mas as expedições eram muito caras para aquilo que nos apetecia pagar, e as cabeças pensadoras acharam que podiam ir de carro até lá!
Com o nosso carrinho ainda tínhamos muitos sítios a visitar nessa tarde. Começámos pela
cidade cinematográfica. Sim, há o brilho e glamour do cinema em Marrocos. Aqui já foram gravados filmes como o Gladiador ou Alexandre, o Príncipe da Pérsia. Hoje restam pedaços dos adereços que fizeram cenários a estes filmes. E podemos ser nós os protagonistas. “Luzes, câmara, acção”.
Uma das coisas que mais se quer ver quando se viaja para estes países são os oásis. Já todos ouvimos falar deles e queremos ver como é. A nossa concepção da coisa atraiçoa-nos. Sempre que, andando mais um km ou dois no meio do nada, sem indicações, qualquer coisa que tenha um lago e duas ou três palmeiras nos parece um lindo oásis. Mas não. Lá de cima, olhando para baixo, descobrimos um uma aldeiazinha no meio do nada, cercada de palmeiras, como que desenhadas. Estávamos já a vê-lo quando nos surgem na estrada algumas pessoas que pedem para parar. Queriam água para o carro. Aproveitámos e confirmámos com eles que aquilo ali era o
Oásis de Fint (não fosse uma miragem ou assim!)
Mesmo quase a chegar vemos uma pessoa a descer a montanha a correr seguindo o nosso carro. É uma das pessoas que estava lá em cima com quem falámos. Vai começar tudo outra vez!!! Chegou a correr, ofegante, a dizer que nos ia mostrar o Oásis.
Ahh, que alegria! Mas, não foi mau de todo. Pronto, eu admito, levei o caminho todo a achar que ele nos ia pedir dinheiro pela visita guiada, e não me consegui abstrair do facto de ir connosco para todo o lado para que nos virávamos. Mas por outro lado, o óasis é um belo sítio para nos perdemos e ele ia dizendo os sítios mais bonitos que nem todos os turistas conseguiam alcançar. Ele morava ali. Vivia ali. No óasis. Ali não há nada. Onde arranjam a comida? A água? O que fazem para ter dinheiro? Para sobreviver? Como é que vão à escola? Onde arranjam roupa? Aquilo é deserto e até à cidade leva muito tempo de carro quanto mais a pé. Sinto um enorme respeito por estas pessoas, afinal. E depois, oferece-nos uma fruta vinda directamente da árvore (que eu não comi) e um desenho que fez com as mãos, com uma folha de uma árvore e pergunta se podemos dar algum dinheiro. E demos.
Ok, viagem de regresso. Jantar, chazinho da noite e cama.