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Hunger Games - A revolta

"Enquanto limpo a tigela, ocorre-me uma ideia - Ei, se calhar devia fazer disso uma condição para ser o mimo-gaio.
- Eu poder dar-te nabos? - pergunta ele.
- Não, podermos caçar. Isso desperta-lhe a atenção - Teríamos de entregar tudo à cozinha. Mas, mesmo assim podíamos - Não preciso terminar, porque ele sabe. Podíamos andar à superfície. Lá fora no bosque. Podíamos voltar a ser nós mesmos.
- Faz isso. - insta o Gale. - É o momento certo. Podias pedir-lhes a Lua e eles teriam de arranjar uma maneira de a conseguir.
Ele não sabe que já estou a pedir-lhes a Lua, ao exigir que poupem a vida do Peeta."


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Hunger Games
Em chamas

"Em chamas"

"- Talvez devesses ser tu - digo, num tom indiferente, puxando uma cadeira - afinal de contas, odeias a vida.
- É verdade - confirma o Haymitch - E como da última vez tentei salvar a tua vida...parece que desta vez tenho a obrigação de salvar a vida do rapaz.
- Ora ai está uma boa razão - digo, limpando o nariz e bebendo de novo da garrafa.
- O argumento do Peeta é que como te escolhi da última vez, agora estou a dever-lhe. Tudo o que ele quiser. E o que ele quer é a oportunidade de voltar à arena para te proteger - conta o Haymitch.
Eu sabia. Nesse aspecto, o Peeta é bastante previsível. Enquanto eu estava a chafurdar no chão daquela cave, pensando apenas em mim, ele estava aqui, pensando apenas em mim. Vergonha não é um palavra suficientemente forte para descrever o que sinto.
- Podias viver cem vidas e não o merecer, sabias? - comenta o Haymitch.
- Pois, pois - retruco bruscamente -  Não há dúvida, ele é o ser superior neste trio. Então que vais fazer?"

Katniss e Peeta venceram os Jogos da Fome contra todas as expectativas. Nunca dois tributos ganharam. Só um pode sair com vida da arena. Mas eles desafiaram as leis do capitólio e terão que pagar por isso.
"Em Chamas",  é o segundo volume da trilogia "Os jogos da fome", que terminei de ler hoje. Estou pronta para ver o filme que estreia no dia 28. Gostei imenso do primeiro filme e li o livro depois. Desta vez resolvi ler primeiro o que vai acontecer...


Eles foram até lá abaixo...


"Vocês acham que atravessar África é assim? Olha para ti... Se te veem com esse brinquinho e essa camisola com bonecos comem-te vivo".

O João Fontes, o João Henriques e o Tiago Carrasco foram num jipe de Lisboa até África do Sul. Foram 150 dias, muitas peripécias, perigos, desilusões e vitórias, mas eles chegaram. E disso resultou o livro "Até lá abaixo" que eu acabei  de ler ontem. Na 'trip', nem sempre escolheram o caminho mais fácil, nem sempre o mais perto, nem sempre o mais certo e isso também é a aventura. Fronteira após fronteira, passaram por mais de vinte países. Sítios como Dakar, Bissau, Burkina Faso, Costa do Marfim, Togo, Nigéria, Congo, Luanda, Maputo, até chegarem ao destino, Joanesburgo e o depois a cidade do cabo, onde o objectivo era assistir ao campeonato mundial de futebol. E tudo começou em Marrocos.

"Salah prepara-me uma chávena de chá, seguindo um ritual meticuloso. O líquido deve cair do bule para o copo a altura razoável, nunca inferior a uns 20 centímetros. Depois de ser servido a primeira vez, deve abrir-se a chaleira e devolver-lhe o chá que já estava no copo. Serve-se uma segunda vez, e  pela  segunda vez, o chá volta à origem.  Só à terceira, com a certeza de que o açúcar está bem misturado, o chá fica pronto para ser bebido, exalando um perfume irresistível." 
(Episódio em Marrocos)

Eu vi esta técnica. E bebi este chá. Ainda me lembro do sabor. Provavelmente dos melhores que já bebi.

Já é do senso comum que África não é para meninos. E eles não foram. Através de algum sentido de humor, Tiago lá vai descrevendo com precisão toda a jornada. Algumas vezes estiveram com fome, outras com frio, outras com sono. Muitas vezes sujos, doentes. Muitas vezes pensaram que era o fim. Conta histórias dos sítios onde passavam. As conversas com os residentes. E depois, conta o choque cultural.

"O chefe da Aldeia arranjou-nos um refúgio debaixo de um alpendre de colmo, mesmo em frente à mesquita, onde comemos conservas de atum e lulas, regadas com água tépida. Quase uma centena de crianças acercou-se de nós. Estavam completamente nuas ou apenas com uma tanga esfarrapada e olhavam-nos com curiosidade. Todas, sem excepção, tinham evidentes sinais de subnutrição - eram extremamente magras mas com o ventre inchado. Diante delas estava uma quantidade de alimentos que não comeriam numa semana inteira. Abri uma lata de atum e, quando a oferecia ao miúdo que estava ao meu lado, Abdullaye prendeu-me o braço «se deres a um, tens de dar a todos. Caso contrário vão matar-se por essa lata». Tinha razão. Viajávamos numa cápsula. Podíamos observart, mas não interferir" 
(Episódio no Mali)

Muitos foram os avisos que tiveram antes de partir, algumas dificuldades durante a viagem, mas nada apagou o sonho nem a determinação. Afinal, podemos fazer o que quisermos. O sonho, se existe, é possível.

Na lista de espera...




"A crise atingiu Tomás Noronha. Devido às medidas de austeridade, o historiador é despedido da faculdade e tem de se candidatar ao subsídio de desemprego. À porta do centro de emprego, Tomás é interpelado por um velho amigo do liceu perseguido por desconhecidos. O fugitivo escondeu um DVD escaldante que compromete os responsáveis pela crise, mas para o encontrar Tomás terá de decifrar um criptograma enigmático.
O Tribunal Penal Internacional instaurou um processo aos autores da crise por crimes contra a humanidade. Para que este processo seja bem-sucedido, e apesar da perseguição implacável montada por um bando de assassinos, é imperativo que Tomás decifre o criptograma e localize o DVD com o mais perigoso segredo do mundo.
Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da alta política e finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o grande mestre do mistério. Além de ser um romance de cortar o fôlego. A Mão do Diabo divulga informação verdadeira e revela-se um precioso guia para entender a crise, conhecer os seus autores e compreender o que nos reserva o futuro."




Compreender o futuro... é um bocado isso que todos precisamos, sobretudo neste momento. Compreender a crise, os seus responsáveis, o conturbado mundo económico e os meandros políticos que estão por trás de tudo, histórias que, no fundo, vemos todos os dias, histórias que são a nossa realidade actual... e se a isto tudo ainda posso juntar um pouco de ficção (para distrair) então tenho um serão perfeito.
É por isso que "A Mão do Diabo" de José Rodrigues dos Santos já está na minha cabeceira a aguardar vez.

Tornar a vida leve



"(...) O amor só pesa quando termina, nunca quando cresce. Tal como caminhar só cansa a quem está parado. É um mundo cheio de cabanas por alugar, de promessas de investimentos e de cimento que ficaram por cumprir, de lugares bonitos que continuam a sê-lo. O paradoxo da liberdade é que quantas mais opções pesamos para a nossa vida, mais leve a tornamos."
                                                                                                 
                                                                                                                             (Gonçalo Cadilhe em Um lugar dentro de nós)

"O Quarto de Jack"


Jack nunca saiu do quarto. Nasceu lá. Comia lá, brincava lá, tomava banho lá. Jack não conhecia mundo nenhum, só o mundo que era 'o Quarto'. E a televisão. Via televisão e tudo o que ela lhe mostrava eram coisas intocáveis. As árvores, os carros, e até as próprias pessoas não existiam, só estavam na televisão. A única pessoa que o Jack conhecia era a mamã. E o Nick Mafarrico, mas ele era mau e a mãe nunca o deixava vê-lo. Jack ficava escondido no armário sempre que ele aparecia.

Mas o Jack era feliz. Na realidade dele os brinquedos eram feitos de caixas de cereais vazias ou que cascas de ovos. O banho era partilhado com a mãe e a comida também. O menino era feliz e não sabia o que era um chupa-chupa, até ao dia que o Nick lhe trouxe um como mimo de domingo, porque ele e a mamã se portaram bem.

Na verdade, 'O Quarto', que era a casa de Jack, era o sítio onde a mãe foi aprisionada um dia. Depois de ser raptada foi mantida em cativeiro e foi constantemente violada. Sozinha tomou conta de Jack e tentou educá-lo dentro de quatro paredes. E quando Jack fez cinco anos, ela decidiu contar-lhe a verdade. Ele não percebe que a mamã também tem uma mamã, não sabe o que é ter família nem o que existe naquilo a que chama o Espaço Lá Fora.

- Jack, isto é importante. Eu viva numa casa com a minha mãe, o meu pai e o Paul.
Tenho de entrar no jogo para que ela não se zangue.
- Uma casa na televisão?
- Não, lá fora.
Isso é ridículo, a mamã nunca esteve no espaço lá fora.

A história está escrita na voz do pequeno Jack e é ele que vai salvar a mãe do cativeiro em que está há vários anos, depois de concretizar o plano que ela engendrou. Demasiado para uma criança. Demasiado para uma criança que não conhece o Espaço Lá Fora.

Na rua tudo é estranho para Jack. Existem outras pessoas. Muitas pessoas. Animais, aqueles que antes estavam na televisão. Já não é preciso partilhar a mesma toalha de banho com a mamã. O vento parece que o vai desfazer. O sol queima-lhe a pele. Os carros fazem barulho. E tudo é estranho, confuso e completamente novo e anormal na nova vida daquele menino.

À noite, na nossa cama que não é a Cama, esfrego o edredão, é mais inchado do que era o Edredão. Quando tinha quatro anos, não sabia acerca do mundo ou julgava que tudo aquilo não passava de histórias. Depois, a mamã contou-me a verdade e eu julguei que já sabia tudo. Mas agora que estou no mundo o tempo todo, a verdade é que não sei grande coisa, estou sempre baralhado 
-Mãma (...) - Às vezes não desejavas não termos fugido?
- Não, nunca tenho esse desejo.


A gaveta

" De facto, só abro a gaveta quando vou à procura de uma imagem especifica que possa ter uma utilidade concreta e actual, evitando cuidadosamente despertar essa serpente venenosa que hiberna no fundo da gaveta a que chamamos nostalgia. Dizem que as fotografias não mentem, mas essa é a maior mentira que já ouvi"
                                                                                                                                                             (Miguel Sousa Tavares, "No teu deserto")

Já abriram uma gaveta, alguma vez, e sem querer viram aquela imagem? E roçaram naquele sentimento de ausência? Por exemplo, estamos aqui lá lá lá e vai na volta e coiso precisamos de uma coisa que deve estar, só pode estar, naquela gaveta, daquele armário, lá ao fundo, mesmo lá ao fundo (se forem direitinhos ao sítio onde está a coisa perdida...não me digam). E pimba, aquele objecto oferecido por não sei quem (tão fofo!), aquela foto tirada não sei onde (que linda!), aquela carta (sou do tempo das cartas, escrevi muitas!) e ficamos com o objecto na mão, a olhar para a foto, a ler a carta. E rimos ou choramos, mas acima de tudo lembramo-nos, porque houve um tempo em que teve alguma importância, algum significado e embora agora até já nos passe ao lado (porque é que eu guardei isto?) foi, um dia, importante.

Há pedaços das nossas vidas guardados em gavetas e fomos nós que os mandamos para lá, para os guardar! Outras vezes, os objectos nem querem dizer nada, mas deixamos que lá fiquem a marinar ou a ganhar teias só porque não queremos deitar fora, porque um dia, distante, pode ser preciso. E nunca é. E depois aquela gaveta acaba por ser constituída de coisas inúteis, passa a ser "a gaveta da porcaria" onde cabe sempre mais qualquer coisa, mas que está tão cheia que já nem abre. Mas onde é que está aquilo? De certeza que está naquela gaveta. Está lá sempre tudo.

Life change as in an instant


"Os normais acordavam sempre da mesma maneira. Reclamavam do mesmo modo. Irritavam-se da mesma forma. Insultavam com as mesmas palavras. Cumprimentavam os íntimos de um modo igual. Davam as mesmas respostas para os mesmos problemas. Expressavam o mesmo humor em casa e no trabalho. Tinham as mesmas reacções diante das mesmas circunstâncias. Davam presentes nas mesmas datas. Enfim, tinham uma rotina estafante e previsível, que se tornava uma fonte de excelência para a ansiedade, a angústia, o vazio e o enfado"
                                                                                                                                                                (O vendedor de sonhos, Augusto Cury)

Se os normais são os deprimidos, onde estão os especiais?
Os portugueses estão tristes, estão infelizes, desanimados com a vida. Pudera a austeridade não dá tréguas. Mas poderá isto servir de desculpa para não ser feliz? Sim e não. Nada disto é 100% correcto e nem é assim tão linear. Mas eu quero ser especial.

É bastante mais fácil criticar, dizer mal, apontar coisas erradas. É bastante mais fácil explodir, reclamar. É mais difícil ter coragem, é mais difícil dizer "gosto de ti", é naturalmente mais difícil ser optimista. E por isso é que os resultados do relatório da OCDE dizem que os portugueses não estão satisfeitos com a vida.
Eu percebo. Há uma linha que separa (onde é que eu já ouvi isto?) o que eu quero ser do que eu não quero. O que eu quero ter do que eu não quero. E às vezes é complicado não pisar essa linha, e todos temos pedaços bons e maus e por isso mesmo, para o bem e para o mal... life change as in an instant!






"Se tu queres um amigo, cativa-me!"


Nunca li "O principezinho".
Eu aqui confesso esta minha falha grave de conduta. Esta ofensa para muita gente, este erro imperdoável... Deverei ser apedrejada em praça pública? Não foi por falta de vontade, talvez por falta de oportunidade. (No entanto, permitam-me dizer que tive uma infância muito feliz!)
Hoje, duas páginas desta história de Exupéry vão a leilão. São páginas inéditas.
Apesar de nunca ter lido, há uma passagem, que me apareceu noutro livro, que eu gostei muito e ainda hoje me lembro. (Perdoada?)


E é por isto, amigos, que sempre que voltarem a reclamar do meu feitio...que é isto e que é aquilo... o que vos tenho a dizer é que a culpa é vossa. E, mais, ficam responsáveis para todo o sempre por aquilo que cativam!

Retrato




“ – Falhámos na vida, menino!
- Creio que sim…Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com imaginação”

Adoro esta frase que aparece no final de "Os Maias". Para o bem ou para o mal ela diz muito.

São três gerações perdidas, tristes, amarguradas, perseguidas pelo fracasso. Pedro da Maia é pai de Carlos Eduardo e matou-se quando a mulher o abandonou e levou consigo a filha, Maria Eduarda. Carlos fica a cargo do avô e anos mais tarde encontra o amor da sua vida… O romance incestuoso com Maria Eduarda vai conduzir Carlos ao fracasso…

“Maria Eduarda! Era a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e pareceu-lhe perfeito, condizendo bem com a sua beleza serena. Maria Eduarda, Carlos Eduardo… Havia uma similitude nos seus nomes. Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!” 

Em plena época oitocentista a sociedade portuguesa rende-se a uma modelo burguês de boas aparências. Da imitação daquilo que vem do exterior. Os portugueses querem ser uma sociedade que não são. Mas falta-lhes meios educacionais e mesmo morais para o ser. Escondem-se numa educação que não sabem dar, numa economia que fingem estar no auge, num sistema político que não funciona…

“ Carlos não entendia muito de finanças mas parecia-lhe que desse modo o pais ia alegremente e lindamente para a bancarrota” 

Vários são os episódios que revelam uma sociedade derrotada. Os políticos são mesquinhos e corruptos, os homens de letras boémios e despreocupados, os jornalistas deixam-se corromper a favor de causas pelo dinheiro, as mulheres representam o pecado e a luxúria e os eventos sociais são uma farsa, muitos acabam mesmo numa troca de insultos banais ou em “pancadaria” … um ridículo de situação que não se coaduna com uma sociedade que pretende mostrar-se culta e nobre.

Foi no ano de 1888 que Eça lançou esta crítica social, depois de ter analisado a sociedade pormenorizadamente durante oito anos. No final, a obra conduz ao ciclo do qual o próprio Eça fez parte, os falhados da vida.

E hoje? Hoje o que diria Eça da sociedade em que vivemos que ele não viu, mas previu?

Make a list!

Hoje é dia mundial do livro e amanhã começa a feira no parque Eduardo Sétimo... o que significa que é de todo pertinente que eu faça uma listinha (pequena!). Não estão sempre a dizer que natal é quando um Homem quiser?!



Posto isto, sugestões?

Silêncio...


Estou eu descansada em casa a fazer as minhas coisas, nas calmas... e o telefone toca e quebra o silêncio.
Eu não gosto de silêncio. Mas às vezes sabe tão bem. Deve ser porque é raro.

"Ficámos sentados em silêncio a observar o mundo à nossa volta. Levou-nos uma vida a aprender isso. Parece que os velhos são capazes de ficar sentados um ao lado do outro sem dizerem nada e, ainda assim, satisfeitos. Os jovens activos e impacientes, têm sempre que quebrar o silêncio. É um desperdício, porque o silêncio é puro. O silêncio é sagrado. Une as pessoas porque só os que se dão bem uns com os outros se podem sentar juntos sem falar. É este o grande paradoxo."
                                   (Nicholas Spark, "O diário da nossa paixão")



"Uma aventura"

Ontem foi dia mundial do livro infanto-juvenil. Além da "Lua de Joana" e do "Harry Potter" (que comecei a conhecer aos 12 anos) o outro título que faz parte da minha juventude é "Uma aventura", colecção fantástica da Ana Maria Magalhães e da Isabel Alçada. E quem diria que já fez, o mês passado, 30 anos.

Lembro-me de começar a ler ainda pequena. No dia das compras nunca vinha do hipermercado sem ter cravado mais um livro aos meus pais. Primeiro era a Anita. Anita vai aqui...Anita vai acolá... mas depois a Anita foi com as outras e eu comecei a ler outras coisas.

A colecção "Uma Aventura" fascinava-me por causa do mistério, esse era o meu ingrediente preferido. E eu imaginava que podia fazer parte do grupo. Nós somos sempre alguém das histórias, era como ser uma das "Spice Girls" ou a amarela dos "Power Rangers" ou a navegante de Júpiter, das "Navegantes da Lua". Depois passei a ler Agatha Christie. E depois mais tarde o "O código Da Vinci". E depois "A fórmula de Deus". Porque o mistério está sempre lá... desde os tempos de "Uma Aventura".

A história da Teresa, da Luísa, do Chico, do Pedro e do João passou depois para uma série de televisão que ainda cheguei a ver e gostava, mas não era a mesma coisa. Depois ainda passou no cinema, mas isso eu não fui ver. Agora os livros, secalhar até voltava a ler... é que eu ainda não li todos!!!


Ana Maria Maria Magalhães recorda como tudo começou numa reportagem em vídeo feita pelo DN, vejam:
http://www.dn.pt/galerias/videos/?content_id=2396805&seccao=Artes

"Vai onde te leva o coração"



Já li este livro há muitos anos. Tantos que sou capaz de dizer que não tinha idade suficiente para compreender metade da essência das palavras lá gravadas. "Vai onde te leva o coração" de Susana Tamaro está, por isso, na lista dos livros a reler.
No entanto há uma passagem que hoje, particularmente, me faz sentido e por isso partilho.

"Sabes qual é o erro que cometemos sempre? Acreditar que a vida é imutável, que quando escolhemos um carril temos de o seguir até ao fim. Contudo, o destino tem muito mais imaginação do que nós. Precisamente quando se pensa que se está num beco sem saída quando se atinge o cúmulo do desespero, com a velocidade de uma rajada de vento, tudo se transforma e de um momento para o outro damos por nós a viver uma vida nova."


E eu acrescento:
Uma vida nova não é necessariamente uma coisa má. Depende da perspectiva. Depende de como se olha para o dia de amanhã, secalhar quem olha com olhos de derrotista precisa de uns óculos de optimismo. Uma vida nova pode ser uma coisa boa, se quisermos, se acreditarmos, mas sobretudo se lutarmos para que assim seja. Aceitar, a palavra certa é aceitar. E a sorrir, a atitude certa é sorrir.



"Um dia"



“- Acho que o importante é fazer alguma diferença – disse ela. – Mudar realmente alguma coisa, percebes?
- O quê, tipo “mudar o mundo”, é isso?
- Não o mundo inteiro! Só aquele bocadinho à tua volta.”
(Nicholls, 2009, pp.11)

Emma e Dexter eram amigos. Eram meio namorados. Eram, bem, depois de terminar o “Um dia” de David Nicholls, e de ver o filme também, percebi que eles eram mais que apaixonados, eram os melhores amigos. Eles conhecem-se e apaixonam-se, ainda que sem saberem, em 1988, e só voltam a estar juntos como casal longos anos depois. Durante os vinte anos que separam estas datas, e que as páginas retratam, eles apenas se encontram, conversam, trocam confidencias, sentem falta um do outro, são os melhores amigos. A Em e o Dex, o Dex e a Em.

Não percebi, no início, a ideia, o fundamento, o porquê da história se desenrolar sempre no mesmo dia de anos diferentes. Passava sempre um ano, e mais um e mais um. Pensei que se perdia a essência, que quando eu queria realmente saber uma coisa, quando tinha entrado no centro da história, simplesmente o dia 15 de Julho acabava e passava para o mesmo dia do ano seguinte. (Este andamento torna-se bastante mais atractivo em formato filme.) Mas tudo acaba por se justificar, mais tarde ou mais cedo, tudo se percebe e gostei, afinal. Tinha mesmo que ser assim. 

Fui com eles de viagem a várias cidades europeias. Fui com as inseguranças e incertezas destes dois jovens (de meia-idade). Fui com eles nas suas tristes histórias de desamor e de tristeza, de compaixão e culpa. Fui com eles na depressão e na fuga à realidade. Fui com eles nas quedas, na perda do sucesso. Entrei nas brincadeiras, nos sarcasmos, nas ironias, nos sorrisos, na volta e reviravolta das irregularidade da vida.

“- Dexter, eu amo-te tanto. Tanto, tanto e provavelmente sempre hei-de amar. Os lábios dela tocaram-lhe a face. – Só que já não gosto mais de ti, lamento.”
(Nicholls, 2009, p.225)

E no final, percebo que não podemos esperar. Que a vida não chega, de facto. Foi esta a mensagem mais importante que o David Nicholls me passou enquanto o li. São vinte anos que passam na vida destas personagens que vão envelhecendo, que vão mudando, que vão aprendendo. A vida é muito efémera, tem muito pouco tempo. E o que passou, passou. O tempo é este, é aqui e agora. Porque depois não há amanhã.

“Já não havia mais manhãs. Só havia as manhãs seguintes”
(Nicholls, 2009, 202)




"Amor e chocolate"

Esta história é tão...de gaja!
A personagem principal é viciada em chocolate e usa-o como curativo de todos os males do mundo. Ela compara tudo o que lhe acontece na vida ao acto de comer chocolate!
Amber é uma rapariga que trabalha na área do cinema. Apaixona-se por Greg mas passa a vida a dizer que não, a ponto de esconder a relação que tem com ele da amiga de sempre Jen, de quem se começa a afastar. Há demasiados segredos entre elas para serem as melhores amigas!

"Era como comer só Twix. (...) E eis senão quando, sem motivo aparente, decidimos comer uma coisa diferente e começamos a provar marcas diferentes. Um dia provamos um Mars. No dia seguinte compramos um Crunch. Depois um pacote de Maltesers. A seguir um Kit Kat. Finalmente decidimo-nos por uma barra de cereais com chocolate. Podemos até nem gostar particularmente de barras de cereais, mas habituamo-nos a comer sempre o mesmo (...). Até que um dia dizemos «Hoje apetece-me um twix» quando alguém nos oferece uma barra de cereais com chocolate. Gostamos de twix, desperta memórias agradáveis enquanto se derrete na boca, mas no dia seguinte voltamos às barras de cereais por força do hábito.Assim era comigo e com a Jen. Naquela noite tivemos o nosso momento twix - uma reminiscência da antiga relação - mas agora tínhamos voltado a ser barras de cereais"

Eu percebo a analogia entre a amizade das duas e este cardápio de chocolates... mas sinto que preciso de comer uns gramas para perceber ainda melhor...